Antes de começarmos a nossa conversa, gostaria que o senhor se apresentasse aos leitores da FOLHA PAROQUIAL, por favor.
Meu nome é Justin Munga Kasereka. Nasci na República Democrática do Congo há 32 anos, na cidade de Butembo. Estou aqui para uma missão.
Por que o Brasil foi escolhido para sua missão?
A Congregação me enviou para o Brasil com dois objetivos: 1 – Aprender português para futuramente atuar numa comunidade assuncionista que o Governo Geral da Congregação está planejando fundar em Angola. 2 – Ajudar a Província do Brasil em sua Missão.
Fale um pouco de seu país.
No Congo, a língua oficial é o francês e temos também quatro línguas nacionais. A maioria da população é católica. A Igreja Católica é muito poderosa, é ouvida politicamente. Tem autoridade e trabalha muito. A maioria dos colégios é dirigida por jesuítas, franciscanos e por religiosos de outras congregações. Padres e freiras. A esposa do presidente está comandando a construção de uma grande catedral em Kinshasa, capital do meu país.
O senhor está agora na América Latina, numa cidade brasileira, morando numa paróquia. Quais são os pontos de convergência e as diferenças mais marcantes entre essas duas realidades?
Basicamente os dois povos são muito fervorosos, igualmente praticantes. Os africanos são mais fechados, menos afetuosos. Cantam e dançam nas celebrações, mas a Liturgia é a mesma. A cultura é bem diferente. Os cariocas são mais abertos, mais livres. Muito acolhedores. Não me sinto um estrangeiro aqui. Sinto-me muito bem apesar das diferenças culturais. Cheguei em setembro e no final de fevereiro vou para o Paraná.
Qual será seu trabalho lá?
Os Assuncionistas estão assumindo a Paróquia de Nossa Senhora da Guia, em Cerro Azul, Pe. Marquinhos será o pároco. Quero trabalhar com os jovens, despertar vocações, procurar reconhecer vocações entre eles. Quero também participar dos
trabalhos pastorais.
Preparado para mais essa mudança? Será uma outra realidade, serão outros desafios…
Sim, muito preparado. Já estou há muitos anos na vida religiosa. Antes do seminário [assuncionista], cursei três anos de Filosofa e três anos de Teologia no Quênia.
Como o senhor chegou à Assunção?
Eu era muito jovem. Depois de terminar meus estudos comecei a me aproximar. Minha primeira experiência foi em 2007 e já no ano seguinte estava fazendo o Noviciado. Em 2008 fiz os primeiros votos.
Em algum momento o senhor sentiu um chamado especial que o levou ao discernimento que realmente desejava dedicar toda sua vida a Deus?
Não houve isso. Minha família é profundamente religiosa. Desde cedo comecei a servir os padres e o altar como coroinha. A essa altura já sabia que queria ser padre todos os dias. Era a minha vocação.
O que o aproximou dos assuncionistas?
A fraternidade é uma marca muito forte na Congregação. Também a vida pastoral. Os assuncionistas são corajosos e trabalham muito para estabelecer o Reino de Deus na terra. Quero participar desse projeto.
Faltou falar de sua espiritualidade.
Gosto muito da oração pessoal e comunitária, da adoração ao SS. Sacramento. Sou devoto da Virgem Maria, rezo sempre o Rosário. São Justino, teólogo, filósofo e mártir da Igreja Católica, é o meu patrono; ele trabalhou muito em época de perseguição (século II), defendendo a fé.
O senhor é diácono ordenado. Há previsão de quando o senhor vai receber o Sacramento da Ordem?
Sim, talvez em seis meses. Mas só meus superiores sabem. A ordenação será no Paraná.
Por favor, deixe uma mensagem para nossos leitores.
Não sabia que no Brasil as pessoas eram tão piedosas. Mas observo poucos jovens na Missa. Gostaria que os mais velhos encorajassem os jovens a participarem. Quero agradecer aos paroquianos a acolhida.
Folha Paroquial – Paróquia da Santíssima Trindade
Congregação dos Agostinianos da Assunção
Rio de Janeiro – RJ