Queridos irmãos e irmãs
Eu entendo que as boas notícias, assim como as experiências profundas e bem vividas, devem ser compartilhadas porque enriquecem nosso caminhar e, muitas vezes, nos levam a buscar algo semelhante para as nossas vidas. Neste sentido, quero compartilhar com vocês um pouquinho da experiência do nosso último retiro.
Todos os anos, nós, Religiosos Assuncionistas da Província do Brasil, nos reunimos em nossa Casa de Retiro em Espírito Santo do Pinhal (SP), na primeira semana do mês de julho, para fazer o nosso Retiro Anual (fotos).
Compreendemos que, tendo passado seis meses de intensas atividades paroquiais e pastorais, muitos já se encontram cansados e esta é uma ótima hora de parar para “reabastecer” o corpo, a alma, o espírito e o coração.
Há dias em que, à noite, lembramos: “Nossa, passei o dia todo trabalhando, correndo de um lado para o outro e nem me lembrei de tomar água!” Se isso se transformar numa constante em nossa vida, nós conhecemos muito bem o resultado. Nosso corpo, com certeza, vai reclamar e com toda razão.
Quando se trata da nossa vida espiritual e da nossa relação íntima com Deus, as coisas funcionam de uma forma muito semelhante. Ficando longe da Fonte verdadeira que é Jesus, sem perceber, vamo-nos esvaziando e nos desidratando espiritualmente. Quando tomamos consciência disto, percebemos que estamos estranhos, muito diferentes do que éramos antes e vazios em todos os sentidos.
Por isso, este tempo de retiro é um momento muito especial que todos nós Religiosos da Assunção temos para, assim como a mulher samaritana (Jo 4, 1- 41), nos aproximarmos do Poço e ir ao encontro da Fonte de Água Viva que é Jesus, para matar nossa sede, já que, no corre-corre da vida, acabamos nos descuidando um pouco e nem sempre vamos à Fonte tanto quanto deveríamos ir.
Irmã Helena Teresinha Rech, da Congregação das Servas da Santíssima Trindade, foi quem orientou nosso retiro. Ela nos fez recordar que RETIRO é retirar-se para ficar consigo mesmo, com Deus e para rezar com a minha realidade interior e exterior.
A Irmã também nos recordou que Retiro é um itinerário que não se faz só e que a Trindade é peregrina conosco em nosso caminhar, em nossa busca. Para abrir ainda mais o nosso coração para vivenciar aqueles sagrados dias, concluiu esse momento introdutório dizendo que “Jesus é o Caminho que se faz caminheiro comigo mas, para isso, é preciso eu me deixar alcançar por Ele. E é também necessário se abrir para as suas CHEGADAS. Recordava assim a caminhada dos Discípulos de Emaús que se deixaram alcançar por Ele no caminho e, depois, ainda disseram: “Fica conosco pois já é tarde e a noite vem chegando”. (Lc 24, 13-35)
Assim, de uma forma muito simples e tranquila, Irmã Helena foi nos convidando a encontrar a paz de espírito, a silenciar o nosso coração para nos colocar disponíveis para acolher Jesus que vem ao nosso encontro e bate à nossa porta. Esvaziar de tudo aquilo que é exterior para ouvir suavemente os “toques” de Jesus: “Eis que estou à porta e bato.” (Ap 3, 20)
A cada dia daquela semana, Irmã Helena nos orientava a dar mais alguns pequenos passos. Passos que nos levavam não para fora ou para um lugar distante, mas na direção certa que é o nosso interior.
Desta forma tranquila e serena, saboreando os sons da natureza e o silêncio da nossa Casa de Retiro, fomos adentrando em nosso “santuário interior”. E, ali, no aconchego do nosso “santuário”, sabendo que Jesus, Fonte de Água Viva, também estava conosco, ficou ainda mais fácil compreender a belíssima oração de Santo Agostinho: “Tarde te amei!
Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova!…
Tu estavas dentro de mim e eu fora de Ti!”
Pe. Luiz Carlos de Oliveira aa
Superior e Pároco