Neste ano de 2021 o mês vocacional tem como tema “Cristo nos salva e nos envia”, já o lema é “Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna” (Jo 5,24). Por tradição, cada domingo é dedicado a uma vocação específica. O primeiro domingo é dedicado ao sacerdócio e aos ministérios ordenados; o segundo domingo à vocação da família, o terceiro domingo à vida consagrada e o quarto domingo à vocação dos leigos e leigas. Para enriquecermos as catequeses e celebrações que temos neste mês, selecionamos algumas breves reflexões que Santo Agostinho faz sobre estas vocações celebradas neste mês tão bonito, dedicado as vocações.
Sobre os ministérios ordenados temos o famoso sermão que Agostinho discorre no aniversário de sua ordenação episcopal, este que é tão citado quando se fazem reflexões sobre a relação dos ministros ordenados com os fiéis leigos, pois aqui Agostinho fala a seu povo como bispo: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Para vós sou bispo, convosco sou cristão. Aquilo é um dever, isso uma graça. O primeiro é um perigo, o segundo é salvação.” (Sermão 340,1. Lumen Gentium 81) Reconhece ao mesmo tempo a dignidade da qual está revestido pelo sacramento da ordem e a igualdade que tem para com todos os fiéis leigos como batizado. Se atemoriza pela função e se consola pelo batismo. Deixa claro que o ministério é para o povo, “para vós”, é uma entrega serviço. Em sua humildade ele pede para que o povo o ajude em sua missão de pastor.
Ao falar sobre a família, Agostinho enfatiza que o destino e, portanto, a vocação dela, é chegar à pátria celeste. Os autênticos pais de família têm uma responsabilidade grande no dever de conduzir a família como um todo a Deus. Naquela época as famílias eram grandes, além dos filhos, muitos que viviam na casa como empregados ou servos. Mas, no que se refere a Deus, todos devem ser considerados iguais e conduzidos pelos pais. “Os autênticos pais de família considerem filhos todos os membros da família, no tocante ao culto e honra a Deus. Desejam e anseiam por chegar à casa celeste, onde não seja necessário mandar os homens, porque na imortalidade não será preciso acudir a necessidade alguma.” (Cidade de Deus 19,16)
Agostinho, mesmo sendo bispo, nunca deixa de lado sua comunidade, nos deixou várias reflexões sobre a importância e o valor da vocação religiosa na Igreja. Para ele, a vida com os irmãos deve ter, antes de tudo, como ponte mais importante a caridade, pois este é o principal mandamento que nos foi dado. A vocação do consagrado é a caridade. A comunidade primitiva dos Atos dos Apóstolos (Atos 4,32) é para ele o modelo da vida consagrada a Deus na comunidade “Antes de tudo, caríssimos irmãos, amemos a Deus e depois ao próximo, porque estes são os principais mandamentos que nos foram dados. Em primeiro lugar – já que com este fim vocês se congregaram em comunidade – vivam unânimes em casa e tenham uma só alma e um só coração orientados para Deus.” (Regra. 1-2) A vida consagrada deve ser o local da caridade.
Sobre os leigos, na Cidade de Deus, comentando citando uma passagem do Apocalipse, Agostinho fala sobre o sacerdócio comum dos fiéis, enfatizando assim a dignidade dos leigos. “Serão sacerdotes de Deus e de Cristo e com ele reinarão mil anos (Ap 20,6) Não se refere somente aos bispos e presbíteros, quer são propriamente chamados sacerdotes na Igreja. Do mesmo modo que chamamos de cristãos a todos os ungidos com a mesma unção, assim todos podem ser chamados de sacerdotes por serem membros do único sacerdote de Cristo. Sobre eles fala o apostolo Pedro: raça eleita, sacerdócio real. (1 Pe 2,9).” (Cidade de Deus 20,10). Todos somos membros do corpo de Cristo. E neste corpo, cada membro tem sua função, sua vocação, para o bem do todo o povo de Deus.
Como ordenados, família, consagrados ou leigos, todos fazemos parte do único corpo de Cristo, como Igreja peregrina caminhamos rumo à mesma meta- a santidade em Deus. Todas têm sua importância e seu valor específico. Que neste mês de agosto, dedicado as vocações, saibamos celebrar e valorizar todas ás vocações em nossa Igreja. Pois todas nos ajudam no caminho para Deus.
Nossa Senhora Mãe das vocações, rogai por nós!
Ir. Leonardo, A.A.